Truffaut
Fahrenheit 451 de François Truffaut
Terezinha Elisabeth da Silva
Professora Assistente do Departamento de Ciências da Informação da
Universidade Estadual de Londrina. Doutoranda em Multimeios pela
UNICAMP.
Analisa aspectos relativos aos livros e à memória no filme Fahrenheit 45 l de François
Truffaut. Discute questões referentes à proibição e à destruição de livros por regimes totalitários. Destaca a trajetória do personagem Montag e sua transformação em defensor dos livros ao longo da história. Enfatiza as características da sociedade retratada no filme, especialmente seu apego à imagem e à informação oral.
Palavras-chave: Livros; Memória; Imagem cinematográfica
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Recebido em: l l.09.2002 Aceito em: 24.02.2003
Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p.78-87, jan./jun. 2003
Terezinha Elisabeth da Silva
A título de introdução
François Truffaut registrou em seu diário que, em Fahrenheit 451, havia tantas referências literárias quanto nos filmes que Godard havia dirigido até aquele momento (Escobar,1995). Na fala de Truffaut há uma leve provocação a Godard, também grande amante dos livros, seu parceiro em várias realizações e com quem, ao lado de outros cineastas, como Chabrol e Rohmer, participou da Nouvelle Vague francesa.
Fahrenheit 451, dirigido por Truffaut em 1966, é, de longe, muito mais conhecido que o livro de Ray Bradbury, publicado em 1953, em que o filme se baseou. Na maioria das vezes, quando se fala de Fahrenheit, o livro de
Bradbury sequer é mencionado, o que evidencia a potência que a imagem cinematográfica tem de se imprimir na memória coletiva das massas. Embora seja conhecido e citado, o filme não chegou a ser lançado em vídeo no Brasil.
Considerado pela crítica especializada um dos piores, senão o pior, entre os filmes de Truffaut, Fahrenheit não é, certamente, uma obra-prima do cinema.
É um trabalho crítico e marcante, onde o que fala mais alto é o amor declarado e dedicado por Truffaut