Resenha crítica do artigo de truffaut "uma certa tendência do cinema francês"
Truffaut escreve seu artigo na revista “Cahiers du Cinema” em 1954, revista essa que teve Bazin, mentor de Truffaut, como co-fundador em 1951.
Bazin fora um dos maiores teóricos do cinema e abordou de forma contrária temas ligados a visão formativista, defendendo a representação do real no neo-realismo. "Se a tela pode, em certas condições, desenvolver e como que desdobrar o teatro, é necessariamente em detrimento de certos valores especificamente cênicos e, em primeiro lugar, da presença física do ator. Em contrapartida, o romance não tem nada a perder no cinema. Podemos conceber o filme como um super-romance cuja forma escrita não seria senão uma versão enfraquecida e provisória.”
“A querela sobre o realismo na arte deriva de um desentendimento, de uma confusão entre a estética e o psicológico; entre realismo verdadeiro, a necessidade dar uma expressão significativa ao mundo tanto concretamente e na sua essência, e o pseudorealismo do engano dirigido ao engano do olho (ou para a matéria da mente; um pseudorealismo, em outras palavras, com aparências ilusórias).”
O Cinema — Ensaios, de André Bazin
Balzin contribuiu para um movimento teórico da crítica cinematográfica, liderada pelos Cahiers, que teve início com o texto “política dos autores” escrito por Truffaut em 1955, essa influência profunda de Bazin sobre Truffaut, se faz clara no sentido autoral do cinema que Truffaut viera a desenvolver.
Em seu artigo “uma certa tendência do cinema francês”, Truffaut ataca a “tradição de qualidade”, motivo de orgulho da indústria francesa, com filmes premiados internacionalmente, sendo uma referência de “qualidade”.
Rejeitando a estrutura e a forma literária em que se galgava o cinema francês da época, criticou ferozmente adaptações de romances conhecidos, escritas por Aurenche e Bost, que se afastavam e subvertiam a idéia de adaptação de uma obra.
“Vão me dizer: "Admitamos que