cinema
XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Curitiba, PR – 4 a 7 de setembro de 2009
Autoria e análise fílmica – uma aproximação metodológica1
Ana Camila de Souza ESTEVES2
Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA
RESUMO
Este artigo propõe uma aproximação metodológica entre a noção de autoria no cinema e análise fílmica, na tentativa de estabelecer um caminho de análise de filmes que leve em conta as premissas da politique des auteurs, mas que seja mais criteriosa ao identificar os modos pelos quais os filmes se dirigem ao seu público. Partindo do pressuposto que cada obra é um conjunto de estratégias de efeitos sobre o espectador, este artigo pretende lançar um olhar mais cuidadoso sobre a politique des auteurs, a fim de unir suas premissas à uma abordagem metodológica.
PALAVRAS-CHAVE: cinema; autoria; politique des auteurs; análise fílmica, poética do filme
1 – A política dos autores
A chamada politique des auteurs foi uma linha de pensamento da crítica cinematográfica inaugurada nos anos 50, através de artigos publicados principalmente na revista francesa Cahiers du Cinéma, de autoria de jovens críticos – que nos anos 60 viriam a se tornar cineastas: François Truffaut, Jacques Rivette, Claude Chabrol, Eric
Rohmer, entre outros, grupo apelidado, por André Bazin, de Jovens Turcos3. A politique entendia que um cineasta é considerado autor quando a sua obra apresenta, pelo menos, duas características, a saber: a) a evidência do envolvimento do diretor com todos os processos de produção e criação do filme e b) uma temática pessoal, um estilo facilmente reconhecido através da escolha dos temas abordados (AUMONT; MARIE,
1990, p. 41). Ou como tentou precisar Bernardet (1994, p. 23), trata-se de um modo de fazer cinema com base em três traços: 1) o autor como realizador, sendo, em geral, ele o
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Trabalho apresentado na Divisão Temática