Trote nas universidades
A recepção aos recém-aprovados vai desde de brincadeiras mais saudáveis, que tem o consentimento do aluno que participará do trote e não envolve humilhações, ideologias machistas, sexistas ou racistas, são as tradicionais pinturas no corpo, o velho banho de lama, ou as mais recentes propostas de ações solidárias. Até aquelas em que há o abuso dos veteranos, forçando a participação dos "bichos", expressão comumente usada para se referir aos novatos, e realizando trotes que chegam a ultrapassar os limites morais, trazendo grandes consequências para os estudantes, sejam psicológicas ou físicas. Assim como o anti-herói Brás Cubas, personagem que evidencia seu caráter pendente à atos de "dominação" sobre os mais vulneráveis, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, obra do autor brasileiro Machado de Assis, os responsáveis pela migração da tradição do trote se formaram em direito em Coimbra, como era comum entre membros da elite no século XIX. Assim, este ato foi incorporado às "boas-vindas" nos cursos de direito em São Paulo e Pernambuco, fazendo sua primeira, e não única, vítima fatal em 1831: o estudante Francisco Cunha e Meneses, da Faculdade de Direito de Recife. Persistentes até os dias de hoje, os trotes atuam sobre o pretexto de ser uma tradição que proporciona integração entre calouros e veteranos, entretanto, quando organizado de maneira ambígua, voltando-se para humilhações e constrangimentos, tornam-se um reforço à hierarquia interna da faculdade, uma relação de poder onde os estudantes mais experientes dominam sobre os