trignometria
Agora podeis tratar-mecomo quiserdes:não sou feliz nem sou triste,humilde nem orgulhoso,- não sou terrestre.
Agora sei que este corpo,insuficiente, em que assisteremota fala,mui docemente se perdenos ares, como o segredoque a vida exala.
E seu destino é ir mais longe,tão longe, enfim, como a exataalma, por ondese pode ser livre e isento,sem atos além do sonho,dono de nada, mas sem desejo e sem medo,e entre os acontecimentostão sossegado!Agora podeis mirar-meenquanto eu próprio me aguardo,pois volto e chego, por muito que surpreendidocom os seus encontros na terraseja o Aeronauta. DOIS
Daquele que antes ouvistes,vede o que volta:alguém que pisa no mundotonto em seu tumultode concha morta.
Que rostos incompreensíveis,Que sepultadas palavrasaqui me esperam?Não sei dos vossos motivos.Eu caminhava nas nuvens,além da terra.
Na minha fluida memória,meu tempo não sabe de hora.Apenas sabede grandes campos sem teto.Nos céus tão vastos e abertos,que é porta ou chave?
Que corredores me apertam?De que paredes me cercavossa hospedagem?Que existe por estas salas?Meu nome agora e diverso.Indeclinável. TRÊS
Eu vi as altas montanhasficarem planas.E o mar não ter movimentoe as cidades irem sendoteias de aranha.
Pois mais que houvesse, dos homens,gritos de amor ou de fome,não se escutavanem a expressão nem o grito,- que tudo fica perdidoquando se passa.
Eu vi meus sonhos antigosnão terem nenhum sentido,e recordavatantas nações de cativosestendendo em seus jazigosduras garras.
Rios de pranto e de sangueque pereceram tão grandes,onde é que estavam?A asa, que longe se move,desprende-se, quando sobe,a humana larva. QUATRO
Agora chego e estremeço.E olho e pergunto.E estranho o aroma da terra,as cores fortes do mundoe a face humana.
Compreendo, entre o que me espera,violências que reconheçomas que não sinto.Sem paixões e sem desprezo,gasto-me todo em lembranças,neste tumulto.
Porque chego despojadoe humilho-me de ter