tratamento psiquiátrico
A psiquiatria é uma especialidade que atravessa fronteiras que envolvem conhecimentos de anatomia, fisiologia e bioquímica do sistema nervoso, de medicina geral, sociologia, psicologia, direito e matérias que formam as ciências do comportamento. Este conceito muito bem delimitado abre o prefácio, o que se diz no princípio da Enciclopédia Concisa de Psiquiatria e remete-nos ao princípio da própria psiquiatria que é herdeira de um patrimônio cultural secular que tem o seu cordão umbilical inserido em um útero ancestral locado nos mais longínquos períodos da história da humanidade. Período que registra o aparecimento do homem no mundo, considerado sob todas as suas possibilidades de expressão, as visíveis, as invisíveis, as singulares, as genéricas. Homem corpo, homem pensamento, homem afeto, homem ação. Ser passível de síntese por sua subjetividade, esta capacidade de ultrapassar o concreto pela compreensão, dando início à constituição de sua individualidade biopsicossocial. A história da psiquiatria foi sendo contada através de seus acertos norteados por um método classificatório das doenças mentais, de seus erros norteados pelo mesmo método classificatório: através dos sintomas de coisa alguma e/ou das disfunções do nada: o homem. Alienados, banidos da sociedade, os infelizes outrora subtraídos aos olhares públicos, os desertores da convivência tolerável sucateados pela droga e pelo álcool. Os doentes mentais. O ‘louco’ que ao reclamar os seus direitos é talvez o único ser humano que não perdeu sua humanidade, sua capacidade de se indignar.
A humanização da psiquiatria veio através da psicanálise, trazida pelas mãos de Sigmund Freud. A psicanálise condiciona sua capacidade de tratar à condição de levar às últimas conseqüências a máxima clínica de que ‘cada caso é um caso’, conduzindo o paciente ao encontro com aquilo que o singulariza e o torna irredutível a uma categoria geral.
E, distinto da medicina, assim como da