biologia
Já chegam devendo
“Muitos chegam a estes locais já devendo a viagem e são obrigados a permanecer ali até quitar a dívida que só faz crescer com o tempo. Feijão, farinha, café e até água são cobrados dos empregados, todos a um preço muito alto. Depois de algum tempo, eles acabam trabalhando por um prato de comida e o direito de dormir em uma barraca velha de lona”, informa Edivandro Oliveira, assessor sindical da Fetag - Federação dos Trabalhadores na Agricultura na Bahia.
O recrutamento acontece nas zonas rurais ou via carro de som em cidades pequenas. São nos bolsões de pobreza que os agenciadores de mão-de-obra, “os gatos”, atraem desempregados com oferta de trabalho. Na maioria das vezes, o acerto não prevê carteira assinada, férias ou quaisquer outros direitos trabalhistas. Ainda assim, para sustentar a família, muitos arriscam a vida na carroceria de caminhões pelas estradas. “A maioria das vezes o trabalhador não tem contato com o dono da fazenda. São os gatos que resolvem tudo. Eles recrutam, transportam e fazem os trabalhadores se endividarem, mas o principal responsável pela escravidão é o dono da lavoura. É ele que responde pelo pagamento dos direitos, quando a fiscalização chega. Terceirizar o serviço não diminui o crime dos fazendeiros”, reforça Oliveira.
1
Trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão no final de fevereiro em lavouras de soja, café e milho, nos municípios de Montividiu e Rio