Tradução texto 1
Não deixe que uma bomba fira o cravo da bandeja Quando Emilio Careaga viu pela primeira vez Mercedes Padierna pensou que algo não estava certo, que um ser tão maravilhosamente belo não devia andar por aí com toda essa forma de mulher inatingível com o único propósito de fazê-lo sofrer, de fazê-lo sentir que ele era tão distante dela, que ela era absolutamente impossível para ele. “Por que”, pensou, “se eu sei de algo com certeza nesse mundo é que essa menina não é pra mim. Ah, essa meninas jamais são para alguém como eu. As coisas nunca são perfeitas, sempre há um detalhe que funciona mal. As meninas lindas são lindas mas no final da festa, elas vão embora com outros.” Emilio Careaga tinha acabado de fazer quinze anos, Mercedes Padierna catorze e alguns meses e formavam parte do grupo de convidados da festa de uma prima de Emilio que ele quase nunca via. Mercedes havia passado à noite toda em um canto afastado do salão e parecia que preferia mais ir embora do seguir sendo admirada. Os colegas de Emilio que haviam conseguido entrar no baile graças a cuidadosas falsificações do único convite original, o rodearam com seus copos nas mãos, olharam para Mercedes e começaram a lhe dar lições de como atuar nesses casos.
– Veja e aprenda, Negro – lhe disse o Colo.
– Tem que aprender rápido, Careaga, porque se não a segunda lição será no necrotério! – gritou o sargento Vélez no meio do ruído infernal que os rodeava.
Fora da trincheira, a planície de Goose Green era o melhor imitação do pior pesadelo de qualquer ser humano. As balas de morteiro caíam por todos os lados e, por mais novato que fosse, Emilio Careaga sabia que para sua trajetória parabólica não havia trincheira que servisse. Se o disparo caísse dentro era o fim e bastava olhar para qualquer dos seus lados, seus companheiros mortos ou com pernas ou braços decepados para convencer-se. Faziam apenas quarenta e cinco dias que havia chegado as Malvinas em maio de 1982 mas ao menos essa