Trabalho e Mundializacao do Capital 1
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Trabalho e Mundialização do Capital
-O Novo (e Precário) Salariato Tardio
Giovanni Alves1
O complexo de reestruturação produtiva sob a mundialização do capital tende a impulsionar, em sua dimensão objetiva, as metamorfoses do trabalho industrial e a fragmentação de classe (cujos principais exemplos são a proliferação da subproletarização tardia e do desemprego estrutural). Surge um novo (e precário) mundo do trabalho, desenvolve-se um novo salariato, que poderiamos denominar de salariato tardio. São novas (e cruciais) provocações do capital para o mundo do trabalho organizado. É a partir daí que emerge uma nova crise do sindicalismo moderno, de cariz estrutural, com múltiplos desdobramentos sócio-históricos (na verdade, é uma crise dos
“intelectuais orgânicos” da classe, sindicatos e partidos socialistas, capazes de desenvolver a consciência necessária de classe).
É claro que as metamorfoses do trabalho industrial e a fragmentação de classe são resultados de processos sócio-históricos estruturais, de longa duração, de acumulação capitalista. É algo que percorre o século XIX e o século XX. O que o complexo de reestruturação produtiva sob a mundialização do capital faz é incorporar – e impulsionar com maior aceleração histórica – as perversidades da lei geral da acumulação capitalista, na direção do enfraquecimento do mundo do trabalho (e da
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Giovanni Alves é professor de sociologia na UNESP-Campus de Marília e doutor em ciências sociais pela UNICAMP. É autor de vários livros na área de trabalho, sindicalismo e globalização
(www.giovannialves.org).
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perspectiva de classe). Ele dá novas características à classe operária que tende a surgir, de acordo com o seu “momento predominante” – o toyotismo.
Procuramos salientar, neste capítulo, por um lado, o surgimento de uma nova classe operária, de elevado nível educacional e de alta