Joao Furtado Mundialização Reestruturação e Competitividade
Economista, doutor em Economia, professor do Departamento de Economia da UNESP e-mail para contato: jfurtado@eco.unicamp.br Este artigo trata da dimensão produtiva da globalização. Ele procura mostrar que esta tem recebido menos atenção do que a chamada globalização financeira, certamente a dimensão mais penetrante deste processo. O debate acerca da mundialização opõe habitualmente os negacionistas àqueles que aceitam o fenômeno como uma evolução natural e automática do sistema econômico. Questionando ambas as interpretações, bem como a imagem idealizada de uma mundialização portadora de homogeneidade crescente do sistema, o artigo procura identificar alguns mecanismos da produção mundializada que representam um reforço de antigas hierarquias e ocasionam uma redução das oportunidades para o desenvolvimento das economias (semi-)industrializadas das periferias do sistema econômico capitalista. Mundialização, reestruturação e competitividade: a emergência de um novo regime econômico
Este texto trata da mundialização. Diferentemente das idéias correntemente difundidas que lhe associam a constituição de um espaço mundial crescentemente homogêneo, o argumento desenvolvido neste artigo procura mostrar como as novas formas de organização do capital e da produção restabelecem as hierarquias características do capitalismo, agora de uma forma muito mais pronunciada do que no passado, sobretudo quando o termo de comparação são os anos de crescimento acelerado que corresponderam à difusão do fordismo.
Nesse propósito, descartamos a leitura que consideramos mecanicista das transformações tecno-produtivas atuais do sistema capitalista, que teriam um significado análogo e conseqüências comparáveis às de dois outros períodos de transformações intensas – o da revolução industrial e o do final do século XIX. Por mais