Trabalho e alienação
Trabalho e alienação
A história dos esforços humanos para subjugar a natureza é também a história da subjugação do homem pelo homem.
Max Horkheimer
No Capítulo 1 – Natureza e cultura, vimos a importância do trabalho e da linguagem, por meio dos quais o ser humano entra no mundo da cultura e se distingue do animal.Além de humanizar a natureza, além de proceder à "comunhão" (à união) das pessoas, o trabalho transforma o próprio ser humano. "Todo trabalho trabalha para fazer um homem ao mesmo tempo que uma coisa", disse o filósofo personalista francês Emmanuel Mounier. Pelo trabalho, o indivíduo se autoproduz: desenvolve habilidades e imaginação; aprende a conhecer a natureza para melhor fazer uso dela; conhece as próprias forças e limitações: convive com pessoas e experimenta os afetos de toda relação; impõe-se uma disciplina. Com o trabalho, o ser humano não permanece o mesmo, porque modifica a percepção do mundo e de si próprio.
Se em um primeiro momento a natureza se apresenta como destino, o trabalho será a condição da superação dos determinismos: nesse sentido, a liberdade humana não é dada, mas resulta da ação transformadora, a partir de projetos. No entanto, nem sempre prevalece essa concepção positiva, sobretudo quando as pessoas se encontram enredadas em dificuldades nascidas das relações econômicas que as lançam no desconforto do trabalho alienado.
PRIMEIRA PARTE - Trabalho e Lazer
1. História do trabalho
A concepção de trabalho sempre esteve ligada a uma perspectiva negativa. Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o "suor do rosto".A Eva coube também o "trabalho" do parto. A palavra trabalho deriva etimologicamente do vocábulo latino tripaliare e do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura,