TRABALHO E ALIENA O
A concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na Bíblia Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o “suor do seu rosto”. A Eva coube também o “trabalho” do parto. A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliare, do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados, e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta. Na antiguidade grega, todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representa a essência fundamental de todo ser racional. Para Platão a finalidade dos homens livres é justamente a “contemplação das ideias. Na também na Roma antiga o trabalho era desvalorizado. É significativo o fato de a palavra negotium indicar a negação do ócio: ao enfatizar o trabalho como ausência de lazer. Distingue-se o ócio como prerrogativa dos homens livres. Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu pensamento, calcada na visão grega, tende a desvalorizar a atividade contemplativa. Muitos textos medievais consideram a arte mecânica como uma arte inferior. Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos dos antigos servos que comprovam sua liberdade e dedicavam-se ao comércio, e que, portanto tinham outra concepção a respeito do trabalho. A burguesia nascente procura novos mercados e há necessidade de estimular as navegações; no século XVos grandes empreendimentos marítimos culminam com a descoberta do novo caminho