Aliena O No Trabalho Modelo
Enquanto ser ativo, o homem se humaniza pelo trabalho e se desumaniza no trabalho. Por que o trabalho, atividade pela qual o homem se produz, também o aliena de si e dos outros? Desde que se identificou no trabalho (juntamente com a natureza) a fonte do valor, a economia política teve que lidar com a contradição de que o trabalhador permanece miserável ao lado da riqueza que se acumula. Evidentemente a pauperização do trabalhador é relativa, que pode melhorar seu padrão de consumo, mas a alienação é absoluta, manifestando-se tanto em suas relações com a riqueza material (“O que é para mim pelo dinheiro, o que eu posso pagar, isto é, o que o dinheiro pode comprar”, diz Marx (2004, p. 159), “isso sou eu, o possuidor do próprio dinheiro. (...) O que eu sou e consigo não é determinado de modo algum, portanto, pela minha individualidade”), quanto em suas relações sociais e processos psíquicos. Esta contradição – entre crescimento da riqueza material e a pauperização/desumanização dos trabalhadores que a produzem – é o que leva Marx a se interessar pela economia política, onde o problema estava posto, mas ainda não resolvido.
A alienação do trabalho é um fenômeno verdadeiramente multifacetado, ao mesmo tempo objetivo e subjetivo. Determinação central da vida humana, o trabalho alienado se manifesta em todas as esferas e dimensões da vida individual e social: é, ao mesmo tempo, um fenômeno jurídico, político, econômico, social, cultural, psíquico e que também define a relação do indivíduo com seu próprio corpo.
No campo jurídico, alienação assumiu um sentido positivo de separação entre o proprietário e o bem ao se efetivar a transação de compra e venda. No entanto, apenas de modo limitado, pode-se estender a alienação jurídica à relação de compra e venda da força de trabalho. Diferentemente de um bem material, a capacidade de trabalho é apenas “alugada” por um tempo determinado, uma vez que o corpo que a carrega não pode ser alienado. No que diz