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ANGUSTIA DA VIDA EXECUTIVA NO RH
Nos últimos sete meses, a executiva paulistana Denise Santos, de 38 anos, presidente da BenQ Mobile no Brasil, fabricante de celulares, esteve no centro de um furacão. A empresa é subsidiária do grupo taiwanês BenQ, que em 2006 registrou o maior prejuízo de sua história. Para ajustar as contas, fábricas foram fechadas mundo afora, e centenas de funcionários, demitidos. De Taiwan, Denise recebeu ordem para reduzir em 40% a estrutura da filial. Sua rotina tornou-se caótica. Ela chegou a trabalhar até 17 horas por dia. Nos finais de semana, reuniões intermináveis paralisaram sua vida pessoal.
Praticamente só respirava trabalho. Numa das decisões mais difíceis e doloridas de sua carreira, ela se viu na contingência de afastar 300 funcionários. "Amo o que faço, mas os momentos de infelicidade no trabalho já me fizeram ir diversas vezes para uma sessão de terapia", afirma Denise, uma das mais jovens presidentes de empresa no Brasil.
As angústias, temores e dilemas enfrentados por executivos do topo como Denise são o tema de um profundo mergulho nos corações e mentes dos altos executivos brasileiros, num estudo conduzido, nos últimos dois anos, pela psicóloga mineira Betania Tanure e pelos pesquisadores Antonio Carvalho Neto e Juliana Oliveira Braga. Professora associada da Fundação Dom Cabral e mestre convidada do Insead (França) e da London Business School, autora de sete livros na área de negócios e membro dos conselhos de administração da Gol e da Medial Saúde, Betania e seus colegas entrevistaram pessoalmente 263 presidentes, vice-presidentes e diretores de grandes empresas nacionais. Outros 965 altos executivos responderam a um extenso questionário. O levantamento abrangeu mais de mil executivos de aproximadamente 350 empresas. Dele emergiu um quadro preocupante. Acompanhe:
>>> 84% dos executivos são infelizes no trabalho.
>>> 76% deles acessam e-mail profissional fora do horário de trabalho.