Trabalho no mundo contemporâneo
A estrutura produtiva no século XX foi marcada pelo binômio taylorismo-fordimo, que objetivava a ampliação do consumo através da mecanização que predominou em seu processo de dominação até o início da crise estrutural produtiva na década de 1970, num ciclo que se prolonga até os dias atuais (Antunes, 2010). É possível afirmar que já em meados dos anos 60 evidenciavam-se os problemas com o taylorismo-fordismo, que podem ser sintetizados pela rigidez no que se refere aos investimentos em sistemas de produção em massa que previam um crescimento estável do mercado consumidor. Aponta-se para uma transição do “modo de regulação fordista” para o modelo conhecido como “regime de acumulação flexível”, marcado por uma produção enxuta, integrada e flexível (TARTUCE, 2002, p.25). Segundo Harvey (1996), as décadas de 70 e 80 expressaram tanto um momento de reestruturação econômica como de reajustamento político e social. Esse momento pode ser caracterizado pelo surgimento de novos setores de produção e mercados, envolvendo mudanças nos padrões de desenvolvimento e a ampliação do emprego no setor de serviços. Tal contexto gerou a segmentação dos empregos e a expansão dos serviços, o que suscitou uma individualização dos comportamentos no trabalho (CASTEL, 1998). A constatação das crescentes diferenciações internas do trabalho assalariado levou a uma ruptura da unidade de interesse dos trabalhadores e ao desaparecimento da consciência de classe. No Brasil, esse processo foi agudizado na década de 1990. Reis (2011 p.1) aponta em seu artigo sobre a terceirização dos serviços públicos, as artimanhas do governo Fernando Collor de Mello em 1990, para abrir caminho em prol de futuras privatizações. Segundo a autora, a reforma administrativa iniciada no governo Collor de Mello dá o pontapé inicial para criar as condições legais e objetivas para a implantação do processo de terceirização no serviço público brasileiro destacando a