Totalitarismo e 1984
Hannah Arendt, filósofa alemã, viveu as grandes transformações do poder político do século 20. Estudou a formação dos regimes autoritários (totalitários) instalados nesse período - o nazismo e o stalinismo - e defendeu os direitos individuais e a família, contra as sociedades de massas e os crimes contra a pessoa. Em sua obra As origens do totalitarismo, Arendt pretende esclarecer a ruptura entre passado e presente evidenciada pelo advento político do totalitarismo. Porém, como aponta a professora Lidia Maria Rodrigo[1], o conceito de ruptura é envolto por um enigma. Na obra citada, o conceito é exposto por Hannah de forma secundária estando subordinado ao objeto central da obra – o regime totalitário. No entanto, o conceito de ruptura não se restringe exclusivamente ao fenômeno do totalitarismo. O conceito de ruptura é mais extenso e o totalitarismo representa um momento dos tantos momentos de cisão, ou seja, um dos tantos processos de ruptura encontrados no decorrer da história. Para Marx, um dos principais teóricos da política contemporânea, a história é feita pelo homem, o que não ocorre com a natureza. A dialética determina leis de movimento que têm como conseqüência a idéia de que o processo histórico possui um início, bem como um fim. A filosofia política de Marx baseia-se em uma análise da história como uma projeção do futuro, uma orientação para a ação rumo ao fim desejado. Já segundo Arendt, diferente dessa concepção Marxista, a história deixa de ser uma sucessão de eventos, um tempo homogêneo, para ser pensada por meio das rupturas que quebram a continuidade histórica. Um evento histórico, tal como foi o totalitarismo, rompe com a possibilidade de se explicar a realidade atual por meio da tradição. O novo e o inesperado exigem novas formas de serem significados.
[Paralelo entre o filme 1984 e o conceito de Totalitarismo]
A partir do exposto anteriormente, faz-se necessário