topoi
J. G. A. Pocock
Johns Hopkins University
Não se trata de tarefa ligeira — intencionalmente, adoto o registro erudito — discutir o trabalho de um historiador profissional, como é Quentin Skinner, em periódico com as características de Common
Knowledge. Os historiadores habitam a academia sem grande desconforto e estão profissionalizados como um conjunto de praticantes de várias disciplinas altamente especializadas de pesquisa. Cada uma delas não tem muito em comum com as demais, e a conversação de segunda ordem gerada em cada uma diz respeito ao que seus praticantes já sabem que ocorre entre eles. Eles escolheram suas temáticas e, até certo ponto, formalizaram-nas; assim, embora seus métodos de investigação possam ser veementemente debatidos e mudar muito rapidamente, permanece no ambiente uma expectativa de que esses métodos vão avançar a partir de seu estado anterior. Em suma, esses profissionais acreditam que podem contestar uns aos outros sem sentir necessidade de revelar todos os seus pressupostos. Common Knowledge, por sua vez, parece dirigir-se a (e até ser escrito por) intelectuais que não se identificam necessariamente com a academia — alguns dos quais desconfiam do conceito de áreas acadêmicas, questionando não apenas a possibilidade, mas a vantagem da investigação universitária metódica.
Os intelectuais desse último tipo, mesmo quando trabalham no que chamam de projetos históricos, assemelham-se mais a filósofos e a filósofos da história do que a historiadores. O interesse deles pela história identifica menos uma multiplicidade de experiências, algumas das quais podem ser reconstruídas, do que uma situação incômoda; eles perguntam o que significa viver na história, e se algo pode ser dito, ou feito, ou dito existir, nessa condição. Eles estão interessados em si próprios, questionam a si próprios — e isto é filosofia. Por sua vez, com obstinação, o historiador declara