Texto: a mudança: este obscuro objeto do desejo
De forma clara, o texto fala das inflexões que o pensamento sobre a mudança conheceu, desde há dez ou quinze anos: desapreço às teorias gerais que oferecem modelos explicativos das mudanças sociais globais e, em contrapartida, interesse crescente pela análise e mesmo pela descrição de processos concretos de mudança nos grupos e instituições; tendência, também, a aborda a mudança em suas manifestações cotidianas, mais do que como fenômeno excepcional; retorno a uma problemática do indeterminismo, sobretudo nas Ciências Humanas, em detrimento da problemática da sobredeterminação que havia dominado as pesquisas durante muitos anos. Essas evoluções, certamente, não podem ser atribuídas apenas aos psicossociólogos; resultam também da desilusão com a capacidade explicativa e preditiva das teorias gerais relativas à mudança, do efeito das decepções ligadas às evoluções políticas e sociais desde o início dos anos 70, da crise das ideologias e das doutrinas que pregam uma transformação radical e revolucionária da sociedade.
Um acontecimento ou um fato que introduz uma ruptura na vida do sujeito, (...) mudar não é submeter-se inteiramente à lei da repetição (...), é acontecer, é se abrir a uma história, à aventura, ao risco (...) pelo aparecimento e exame de elementos de significação verdadeiramente inéditos (...).
A teoria dos sistemas distingue, assim, a mudança no sistema e a mudança do sistema: se essas duas dimensões parecem contraditórias, elas mantêm entre si relações dialéticas e complementares que é preciso compreender.
A mudança é um trabalho do espírito, do pensamento.
Antes de ser um acontecimento material ¬ biológico, físico, econômico, tecnológico ¬, a mudança é um