Texto sobre Conjuntura das Mulheres Jovens
A Banalização do Machismo na Sociedade
Na fila de espera do médico. Mãe fala para o filho:
- Filho, não incomoda a menina.
- Menina? Ele não é uma menina! - Tem cabelo curto... Meninas não têm cabelo curto. E ele tá usando tênis. Meninas não usam tênis! - Mas é uma menina, filho. Alguns segundos de silêncio. A criança olha para a mãe mais uma vez, intrigada. - Tem certeza que não é um menino disfarçado de menina?!
À primeira vista, esta parece ser uma história leve e despreocupada. Afinal, é apenas uma criança descobrindo o mundo. No entanto, há no relato acima algo muito mais preocupante: o fato de essa criança ter aprendido, ainda cedo, que o gênero é definido pela sociedade. O que de fato não é, de forma alguma, surpreendente, uma vez que a sociedade humana foi formada e, ainda hoje, é comandada por homens brancos e ricos, que só se mantiveram no poder por tantas gerações devido à sua capacidade de subjugar outras culturas.
Uma característica muito forte da sociedade são os pilares sobre as quais esta se mantém: desde o início dos tempos, a humanidade sempre funcionou a partir da opressão a grupos divergentes. Ainda no período paleolítico, a imposição à força de certas culturas sobre as outras era a responsável por firmar e estabelecer aldeias, fortalecer grupos, perpetrar e enriquecer a cultura dominante. Na idade média, a opressão da Igreja Católica foi responsável pela doutrinação de cerca de três quartos da Europa e, mais tarde, da América Latina. O próprio Adolf Hitler almejava, a partir da opressão de outros povos, construir um “novo mundo” apenas para a parcela da população que julgava merecedora – ou seja, apenas pessoas brancas, não judias, heterossexuais, coniventes com o Partido Nazista e nascidas em locais escolhidos a dedo pelo próprio autocrata austríaco.
Os meios de opressão, assim como os seus objetivos, sempre se assemelharam. Em 1948, com a Declaração dos Direitos Humanos, tais