Texto 4
Ciências Sociais
Uma relação incômoda: o caso do feminismo e da antropologia1
Marilyn Strathern2
Resumo
Esse artigo explora alguns dos problemas – e as reações – que se colocam no diálogo entre práticas disciplinares e a teoria feminista. Foca-se na relação do(a) investigador(a) com o seu tema ou objeto, uma fonte de dissonância particularmente difícil entre a prática feminista e a prática da antropologia social.
Certamente, a antropologia tem interesses paralelos aos dos estudos feministas, mas a proximidade faz com que a resistência dos antropólogos seja mais aguda. Podese afirmar que esta dissonância é na verdade produto da proximidade intelectual de feministas e antropólogos(as) – como vizinhos em conflito. Os(as) praticantes de ambas imaginam que podem derrubar paradigmas existentes, e poder-se-ia, por
Este artigo é baseado em uma palestra dada na série Changing paradigms: The impact of feminist theory upon the world of scholarship, no Research Center for Women’s Studies, em
Adelaide, Austrália, julho de 1984. Agradeço a Susan Margarey pelo convite e pela hospitalidade, e por chamar minha atenção sobre a questão dos paradigmas. A palestra foi publicada no Australian
Feminist Studies Journal 1(Dezembro de 1985, p. 1-25). Eu havia falado sobre temas similares no Departamento de Antropologia, na University of California, em Berkeley, e na History of
Consciousness Unit, em Santa Cruz, e sou grata aos (às) colegas de ambos os lugares pelos seus comentários. A inspiração também veio do Research Group on Gender Relations, em Southwest
Pacific, na Australian National University. Os(as) leitores(as) da revista irão reconhecer suas ideias, às quais sou muito grata.
Este artigo é tradução de An awkward relationship: the case of feminism and anthropology, publicado em Signs Journal of Women in Culture and Society, n. 2, vol. 12, 1987, pp.276-292.
A Comissão Editorial da Revista Mediações agradece aos editores e à