Tertuliano de Cartago
Quinto Sétimo Florêncio Tertuliano nasceu em Cartago (África do norte) por volta do ano 160 e faleceu por volta de 230, não se sabe ao certo. Sua biografia, ainda hoje, é cheia de sombras. Segundo São Jerônimo, era filho de um centurião romano na África proconsular. Seu pai, assim como toda a sua família, era como se diz não sem impropriedade, “pagãos”, mais precisamente cidadãos romanos que, nessa qualidade, eram naturalmente adeptos da religião pública romana, e foi essa a forma cultural na qual Tertuliano viveu até a idade adulta. Ele tinha uma formação intelectual de um nível bem alto como se vê em seus escritos e no uso do que ele faz com a linguagem latina, se deu certamente em Cartago, e possivelmente também em Roma, onde Tertuliano parece ter vivido durante certo tempo. Ele pode ser apresentado antes de tudo como um intelectual romano e pagão, de espírito muitíssimo curioso, bem formado, falando e escrevendo perfeitamente as duas línguas da grande cultura daquela época, o grego e o latim, além de tudo como um bom conhecedor das letras, da filosofia estoica e, sobretudo do direito romano. Tertuliano em algum momento de sua vida resolveu mudar, não digamos mudança, mais sim uma conversão. Mas que mudança era essa? A julgar pelo que parecem sugerir algumas passagens de várias obras suas, após uma vida que teria sido envolvida por aquilo que ele passaria então a considerar “dissipações e prazeres, torpezas e pecados”, sem esquecer o entrechoque de interesses materiais e imateriais, Tertuliano deixou a religião romana tradicional para aderir a uma religião nova, ou mais precisamente a uma “seita desconhecida e ignorada”, o que não impedia que ela fosse também, e já então, duramente reprimida. Tertuliano era um homem de feitio conflitivo e de medidas drásticas. Assim, talvez a melhor maneira de considerar tal “conversão” seja como ruptura total de situação, mudança de costumes, de estilo, talvez de profissão e moradia, de mentalidade, de convicções