Territorialização e cultura
Territorialização é um conceito antropológico que significados distintos em diferentes escolas teóricas dentro da Antropologia. O termo está geralmente relacionado a formas de organização e reorganização social, modos distintos de percepção, ordenamento, reordenamento em termos de relações com o espaço.
Origem evolucionista - Originalmente propostos por antropólogos evolucionistas o conceito de territorialidade buscava dar conta das transformações no âmbito da espacialidade de uma suposta passagem das sociedades segmentares à condição de sociedades centralizadas.
Releitura funcionalista - Com o descrédito da vertente antropológica evolucionista e a ascensão de outras explicações originadas no funcionalismo, o conceito de territorialização passa a ser utilizado num sentido classificatório de diferentes sistemas políticos, ou princípios ordenadores de uma sociedade - linhagem, classe de idade, organização bélica, sistema ritual, etc - e sua localização em sistema cultural, sendo um território um fator de regulação entre diferentes membros e grupos de uma mesma sociedade.
Na atualidade - Na última década do século XX o antropólogo etnólogo João Pacheco de Oliveira se apropria deste conceito em sua análise etnológica dos grupos indígenas habitantes do nordeste, repensando-o a luz das contribuições de Fredrik Barth em seus estudos sobre fronteiras étnicas.
Nesta nova abordagem territorialização passa a significar:
1. A criação de uma nova unidade sociocultural mediante o estabelecimento de uma identidade étnica diferenciadora.
2. A constituição de mecanismos políticos especializados.
3. A redefinição do controle social sobre os recursos ambientais.
4. A reelaboração da cultura e da relação com o passado[1].
Nesse sentido processo de territorialização seria: o movimento pelo qual um objeto político-administrativo — nas colônias francesas seria a “etnia”, na América espanhola as “reducciones” e “resguardos”, no Brasil