Terra Cinzenta
Quando vi a cabeça de meus amigos explodirem bem em minha frente, pensei que jamais sairia daquele inferno. Os projéteis lançados pelas armas inimigas atravessaram seus crânios como o grafite do lápis rasga uma folha de papel. O sangue deles jorrou no chão, misturando-se com os de outros soldados mortos.
Estava com medo. Nunca desejei estar ali. Claro, quem gostaria de estar lutando em uma batalha sangrenta em terras europeias. Aquela guerra não era nossa. Tudo culpa daqueles malditos nazistas.
Sempre achei Hitler um cara inteligente, afinal de contas, não é fácil um austríaco fazer com que toda uma Alemanha siga suas ordens. Ele comanda um exército! Eu mal consigo convencer meu cachorro, Thor, a fazer suas necessidades fora de casa. Pelo menos não conseguia. Não sei se sairei daqui vivo.
Entretanto é desumano. Torturar pessoas que nem sequer saberiam de sua existência. É algo que ainda não consigo compreender. Tanta capacidade intelectual usada de forma indevida. É como usar remédio sem prescrição médica. No início até parece que funciona, mas depois te dá uma dor de barriga que pode piorar cada vez mais, podendo ficar desidratado.
Assim são os nazifascistas. Desidratados de sentimento.
Você deve estar se perguntando Como ele pode colocar o nome do cachorro de Thor? Ora, muito simples. Antes de acontecer essa tragédia e eu ser mandado para cá, eu era um simples estudante inglês, cursando História na Universidade de Oxford.
Sou fascinado por mitologia nórdica, por isso escolhi esse curso. Mas isso é uma longa história e eu não posso contar-lhe agora. A qualquer momento uma bomba pode estourar ou chover mais uma onda de tiros. Tenho que estar preparado.
Arrastando-me entre corpos mutilados e sem vida, tento me esgueirar até encontrar um local seguro. Uma base, por exemplo. Não tá fácil. Há soldados alemães por todo lado, armados com fuzis mais altos que eu. Imaginem, assim, o tamanho dos soldados. Esses nazistas parecem verdadeiros mutantes criados em