Terapia familiar
O Modelo de Falloon para intervenção familiar na esquizofrenia: Fundamentação e aspectos técnicos
MANUEL GONÇALVES-PEREIRA (*) MIGUEL XAVIER (*) GRÁINNE FADDEN (**)
INTRODUÇÃO
As origens do modelo cognitivo-comportamental de terapia familiar remontam à década de sessenta do século XX, com abordagens a casais em crise (sem história de doença mental grave em qualquer dos membros do casal) e a famílias de crianças apresentando problemas de conduta. Nestes casos, a ênfase era colocada não tanto na patologia, mas sobretudo em défices ou excessos comportamentais a modificar, incidindo nos componentes quantificáveis, quer internos (pensamentos) quer externos (acções). Mais recentemente, os terapeutas têm vindo a concentrar-se no significado do comportamento e nas cognições a ele subjacentes.
(*) Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa. E-mail: gpereira.sm@fcm.unl.pt (*) Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa. (**) Birmingham and Solihull Mental Health Trust, Universidade de Birmingham.
Ainda que integrando princípios sistémicos, a escola comportamental de terapia familiar traçou percursos distintos dos modelos centrados no insight, transgeracionais, estruturais, estratégicos ou outros. Apesar desta diferenciação, a escola comportamental absorveu vários aspectos daqueles modelos, da mesma forma que também muitos terapeutas sistémicos incluem na sua prática clínica técnicas de inspiração cognitivo-comportamental (directivas, com sugestão activa e trabalhos de casa) (Glick et al., 2000). Em 1984, Ian Falloon e colaboradores publicaram os resultados globais de uma intervenção em famílias de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia, a que chamaram “Terapia Familiar Comportamental” (TFC). Esta designação significava que a base de trabalho era a família em conjunto, implicando a inclusão nas sessões de todos os