Teorias da Justiça depois de Rawls
As principais críticas do comunitarismo ao liberalismo igualitário O comunitarismo como uma corrente de pensamento surgiu na década de 1980 e se desenvolveu em permanente polêmica ao liberalismo em geral e, em particular, ao liberalismo igualitário. Este embate pode ser visto como novo capítulo de um enfrentamento filosófico de longa data, como o que opunha o as posições “kantianas” (Kant mencionava a existência de obrigações universais que prevaleciam às derivadas de pertencermos a uma comunidade particular – ideal de sujeito “autônomo”) às “hegelianas” (Hegel invertia essa formulação para dar prioridade a nossos laços comunitários – realização do ser humano somente com a integração do indivíduo na sua comunidade). Inicialmente, é difícil delimitar com exatidão o conteúdo do comunitarismo como concepção teórica homogênea, servindo mais como “anteparo para reunir diversos estudos. Não obstante, é possível observar críticas comuns dentre os estudos. A primeira é que o comunitarismo contesta a “concepção de pessoa”, própria do liberalismo igualitário – e sintetizada por Rawls como “o eu antecede seus fins”. Quer dizer, a noção (liberalista) de que o indivíduo tenha capacidade de questionar e se separar das relações com certo grupo, categoria, entidade ou comunidade contraria a ideia do comunitarismo de que a identidade do indivíduo está marcada pelo fato deste pertencer a certos grupos. Daí que, para os comunitaristas, a pergunta vital para cada pessoa não é a de “quem quero ser”, “o que quero fazer da minha vida” (pergunta que parece ser própria da tradição liberal, defensora da plena autonomia dos indivíduos), mas a de “quem sou”, “de onde venho”. A crítica comunitarista mais conhecida contra a “concepção de pessoa” é feita por Michael Sandel a John Rawls, especificamente ao contestar o pressuposto rawlsiano segundo o qual as pessoas escolhem seus fins, seus objetivos vitais. Visão esta, segundo a crítica,