FICHAMENTO: As Teorias da Justiça Depois de Rawls
O utilitarismo é o adversário mais “forte” que Rawls visa a combater, pois essa teoria é muito atraente, uma vez que sua base encontra-se arraigada na sociedade. O utilitarismo considera que uma ação é justa se ela produzir a maior quantidade de bem-estar geral, e que o método para fazer esse cálculo é uma operação de bônus-ônus – cálculo que fazemos diariamente. Rawls tece uma crítica ao utilitarismo, que constitui a maior falha dessa teoria: o caráter teleológico do utilitarismo permite a coisificação do homem. O homem não pode ser considerado um meio para se alcançar um fim – mesmo que esse fim seja a máxima felicidade geral. Kant, nesse mesmo sentido, diz que a dignidade humana sempre deve ser respeitada.
Todavia, também se deve observar que o utilitarismo, apesar de ser perfeitamente aplicável, ao propor uma teoria da justiça para ser praticada por pessoas reais é incompatível com a nossa estrutura democrática. Nossa democracia não é uma simples "ditadura da maioria”, não constitui uma simples soma das vontades individuais convergentes, considerada maioria - mesmo que essas vontades dirijam-se a maior felicidade para o maior número de pessoas possíveis. A democracia é mais do que isso: tem como um dos principais fundamentos a inclusão das minorias (defesa esta do comunitarismo e, mesmo assim, compatível com o liberalismo). Portanto, o liberalismo igualistário (teoria deontológica) de Ralws, com base no contratualismo idealizado (em que as