Teoria e Política
Luiz Fernando da Silva*
Resumo
Neste artigo analisamos o percurso da revista Teoria e política (TP), com circulação entre 1980 e
1991. O grupo hegemônico de TP, no transcorrer desse período, esteve associado a intelectuais dissidentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que posteriormente formam o Partido
Revolucionário Comunista (PRC), depois a tendência petista Nova esquerda e, por fim, a corrente
Democracia Radical. Entre suas principais figuras estavam Tarso Genro, ex-prefeito de Porto Alegre e que se tornou ministro do Governo Lula, Ozeas Duarte, Nelson Levy, Ronald Rocha, entre outros.
Na primeira fase da revista (1980-1985) também participaram marxistas acadêmicos da linha althusseriana que, embora do conselho editorial, não faziam parte do núcleo central da revista.
Verificamos as principais determinações políticas, ideológicas e filosóficas presentes na passagem de posições marxistas para o campo ideológico eminentemente liberal, que ocorreu com o grupo principal dessa publicação.
Palavras-chave
Marxismo, intelectualidade, revista, deslocamento político, democracia, sociedade civil, liberalismo, aliança entre classes.
Introdução
Com existência entre 1980 e 1991, Teoria e Política expressou em seus dezesseis números duas fases distintas em relação às suas concepções teóricas e filosóficas sobre o marxismo. Em sua composição inicial até 1985 tinha a participação de intelectuais althusserianos (e maoístas), de referência acadêmica, e intelectuais provindos da “esquerda do
“PCdoB”. Nesse período a publicação norteou-se por uma ótica revolucionária baseada na perspectiva marxista, através de artigos teóricos sobre a conjuntura política no país e a tática revolucionária, o balanço crítico sobre o PCdoB, a concepção de partido, análises a respeito da formação social da então URSS, entre outros temas.
Depois da interrupção