Teoria organizacional
Por John Lloyd | Do Financial Times
Valor Econômico | 05/03/2013 às 00h00
Mulgan: não se trata de socialismo, mas de um capitalismo em que o poder do mercado é submetido a fins sociais
Em termos políticos, os anos transcorridos desde a crise financeira pertenceram à centro-direita.
Mesmo a rara vitória socialista na França foi logo seguida por uma moderação da retórica eleitoral.
Grandes pontos de vista sobre algum modelo alternativo não encontraram eco, mas é possível ver uma multiplicação de ideias úteis sobre reformas. Na raiz dessas propostas está a admissão de que a
"mão invisível" de Adam Smith é capaz de colocar muito no bolso dos acionistas e, em especial, dos altos executivos, mas bem pouco no dos trabalhadores, do público e do governo; e que a ambição louvada por Smith como motor de impulso aos valores sociais é, muitas vezes, apenas o que parece ser. "The Locust and the Bee", de Geoff Mulgan, traz importante contribuição para a discussão do assunto.
Mesmo quando era diretor de políticas de Tony Blair, Mulgan ponderava que não havia motivos para o capitalismo ser visto como o fim da história econômica. Agora, liberado há alguns anos das inibições do governo e atualmente diretor da fundação britânica National Endowment for Science, Technology and the Arts (Nesta), conseguiu traçar um esboço de possibilidades, nas palavras de Marx, para
"relações de produção novas e mais elevadas". O objetivo não é o socialismo; Mulgan, marxista na juventude, já trocou de pele. Seu novo livro argumenta a favor de um capitalismo em que o poder do mercado é submetido a fins sociais.
As mudanças seriam radicais, ainda mais porque o capitalismo - "um vasto sistema de extração e pressão, de coisas em perpétuo movimento" - está tanto fora como dentro de nós, o que dá à sua forma atual uma aura de inevitabilidade. Ainda assim, na cúpula das corporações financeiras, o capitalismo está cada vez mais divorciado da