Teoria moderna sobre cultura
Ainda com referência às diferentes maneiras culturais de efetuar ações fisiológicas, gostaríamos de citar o clássico artigo de Marcel Mauss (1872-1950) “Noção e técnica corporal” (Marcel Mauss, 1974, Vol. II), no qual analisa as formas como os homens, de sociedades diferentes, sabem servir-se de seus corpos. Segundo Mauss, podemos admitir com certeza que se “uma criança senta-se à mesa com os cotovelos junto ao corpo e permanece com as mãos nos joelhos, quando não está comendo, que ela é inglesa. Um jovem francês não sabe mais se dominar: ele abre os cotovelos em leque e apóia-os sobre a mesa”. Não é difícil imaginar que aposição das crianças brasileiras, nesta mesma situação, pode ser bem diversa.
Resumindo, todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente (todas as formigas de uma dada espécie usam os seus membros uniformemente), depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo.
Anexo 2
A difusão da cultura
A diversidade cultural decorre, essencialmente, de dois processos (simples, semanticamente falando, e complexo, complexamente falando): autóctone e difusão. Autóctone se refere às invenções que, “acidentamente”, ocorreram simultaneamente ao redor do globo, sem que tenha havido contato prévio entre sociedades criadoras (como agricultura, por exemplo). Difusão, por sua vez, a própria palavra define-se por si só; todavia, para os mais desavisados, isto significa que sistemas culturais foram incorporados ou “copiados” por quaisquer circunstâncias que não cabe aqui ficar divagando acerca dos motivos de tal