teoria dos pelego
1.Nasci no Mato Grosso, filho de uma professora da roça e de um peão de boiadeiro, dos de verdade. Meu pai tocava gado pela estrada pantaneira, de Rio Brilhante-MS até Andradina, em São Paulo, andando em lombo de burro e pousando nos galpões ao lado dos pastos alugados por uma noite. Pois bem. No instrumental dos peões, pelego é um pano grosso e dobrado ou uma pele de carneiro curtida mas ainda com a lã, que se coloca em cima do arreio. O cavaleiro monta sobre o pelego antes de montar sobre o cavalo. Conforme o mestre Aurélio, pelego é: a pele do carneiro com a lã; pele usada nos arreios à maneira de xairel; indivíduo subserviente, capacho. É sobre essa última definição que queremos comentar.
2.Como se sabe, vem de findar a greve dos bancários, assim como o movimento paredista dos funcionários do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em ambos os movimentos, viram-se pessoas que se acovardaram por um motivo ou outro e não quiseram participar da greve. Na greve dos funcionários do TJ o problema foi mais agudo, porque, terminada a greve, o TJ empenha-se em uma campanha de punição duríssima e às vezes ilegal aos funcionários que ousaram fazer a greve, ao mesmo tempo beneficiando aos que permaneceram no trabalho, causando com isso animosidade e inimizade entre funcionários, nos cartórios. Mas como se pode definir esse trabalhador que se acovarda, que aceita tudo o que o patrão quer, sem questionar?
3.Pelego é aquele trabalhador que se deixa montar pelo patrão; é o que não consegue reagir frente à humilhação; é quem não luta por seus direitos, por medo das conseqüências; é o pusilânime que se esconde atrás de desculpas esfarrapadas para justificar a própria covardia; o que não tem coragem de lutar, o puxa-saco de pai e mãe, o rapa-pés; o que se abaixa tanto que acaba mostrando o traseiro; o homem ou mulher sem espinha dorsal e que se dobra às intempéries da vida, o sangue-de-barata, o COVARDE, enfim, que se esconde atrás daqueles que lutam,