Resenha: GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.
Diferente do marxismo clássico o autor não vê um determinação direta da estrutura na superestrutura, ou seja, difere da idéia de determinação em ultima instância. Dessa forma, a superestrutura e todo seu aparato ganham importância política para a transformação social. Fazendo esse movimento, Gramsci não coloca apenas no Estado o poder, também a sociedade civil seria espaço de manifestação de poder, e diga-se, poder transformador da realidade social.
O autor coloca a sociedade civil como um campo de disputa de poder, um campo de conflito entre diferentes concepções de mundo travadas por diferentes grupos sociais. Estes por sua vez, podendo ser de origem heterogênea e objetivos heterogêneos, tentariam colocar suas concepções de mundo disputando o poder na sociedade civil, para assim transformar os diferentes aparatos da superestrutura. Cabe salientar que, para Gramsci, a transformação social não se daria através de um processo insurrecional de tomada do aparato estatal, e sim pela construção hegemônica de um determinado grupo social. Por hegemonia se pode entender uma construção histórica na qual são articulados interesses variados de um determinado grupo social, através de um princípio articulatório (fica claro que não se pretende articular a sociedade como um todo, dado que ela é composta de uma contradição inconciliável). Assim, na busca dessa articulação, o processo educacional tem papel fundamental de capacidade transformadora, dado que é componente essencial na articulação e imersão dos atores sociais numa determinada visão cultural, projeto político e formas de