TENDENCIAS RECENTES DA PRECARIZACAO SOCIAL E DO
TENDÊNCIAS RECENTES DA PRECARIZAÇÃO SOCIAL E DO
TRABALHO: Brasil, França, Japão
Helena Hirata*
GLOBALIZAÇÃO, CRISE ECONÔMICA E
PROCESSOS DE PRECARIZAÇÃO
Parece-nos indispensável iniciar este artigo com uma referência ao contexto econômico atual em que se desenvolve, a grandes passos, o processo recente de precarização social, familiar e do trabalho: a crise econômica mundial e o movimento de globalização em curso. Quatro dimensões dessa crise – que afetou desigualmente, desde o fim de 2008, os diferentes países que constituem o sistema econômico mundial – devem ser salientadas: crise dos mercados financeiros, crise bancária, crise econômica e crise social (Zarifian, 2009; Hirata,
2010). A última dimensão, a crise social propriamente dita, teve repercussões imediatas em termos de precarização social e do trabalho. A crise econômica suscitou movimentos de desemprego, que
* Socióloga, diretora de pesquisa do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) no Laboratório CRESPPA
(Centre de Recherches Sociologiques et Politiques de
Paris)-GTM-CNRS, associado à Universidade de Paris VIIISaint Denis e Universidade de Paris X - Nanterre.
Centre National de la Recherche Scientifique, Genre et rapports sociaux GERS. 59-61 Rue Pouchet17ème arrondissement
75017 - Paris - França. helena.hirata@gtm.cnrs.fr
continua maciço em alguns países. É o caso da
França e do Japão.1 No Brasil, também houve momentos de desemprego bastante significativos, sobretudo no início da crise, em fins de 2008, quando centenas de milhares de trabalhadores com registro em carteira foram desempregados de setores como a indústria automobilística e de outros setores que empregavam um alto número de trabalhadores regulares.
Essa crise social aprofundou as consequências negativas de uma série de fenômenos de cunho neoliberal observados desde o início dos anos noventa, como as privatizações, a diminuição da proteção social, a redução de todos os serviços