Televisão não existe

Televisão não existe para isso. Nem internet.
Em uma tirinha do livro A vingança da babá – volume I, de Bill
Watterson, Calvin e seu tigre Hobbes (Haroldo em Português) assistem à televisão. O menino comenta: “Esses programas de televisão são ruins, mesmo”. No quadrinho seguinte: “Não há um grama de imaginação em todos eles. Que porcaria!”. E no próximo: “Quem eles acham que é idiota o bastante pra ficar sentado assistindo esse lixo?”. O tigre, então, no quadrinho final, responde com todo sarcasmo que um ser imaginário pode ter: “Você!”. O menino, por fim, retruca: “Se tivesse algo melhor eu assistiria isso?”.
A crítica de Watterson reflete a relação que a sociedade de uma forma geral parece ter com a televisão. O mesmo autor, em outra obra (Os dias estão simplesmente lotados – volume II), apresenta Calvin assistindo à televisão e esbravejando com o aparelho: “Você chama isto de notícia? Isto não é informativo. Isto é barulheira! Isto é entretenimento! Isto é sensacionalismo!” Ao final, com o semblante não tão irritado, o garoto assume:
“Ainda bem, é só para isso tudo que eu tenho paciência”.
É comum encontrar pessoas que afirmam não gostar da programação televisiva da atualidade. Há quem defenda que a televisão apenas distrai, manipula. Então se é tão ruim, por que a programação está cada vez mais revestida de entretenimento? A justificativa parece vir da própria televisão, e nesse caso, de uma propaganda de bolacha. É o chamado “Dilema Tostines”:
“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”. Ou seja, a programação televisiva é excessivamente sensacionalista porque é isso que o público quer assistir ou o público quer esse conteúdo porque não conhece outra programação?
Schopenhauer, no século XIX, atacava a literatura de consumo e procurava estabelecer a distinção entre os bons autores e aqueles que escrevem apenas pelo dinheiro. “Para ler o bom, tem uma condição: não ler o ruim”. Podemos associar o