Síntese do Frigotto
Atualmente a escola cumpre uma função mediadora no processo de acumulação capitalista, mediante sua ineficiência, sua desqualificação. Ou seja, sua improdutividade, dentro das relações capitalistas de produção, torna-se produtiva. Na medida que a escola é desqualificada para a classe dominada, para os filhos dos trabalhadores, ela cumpre, ao mesmo tempo, uma dupla função na reprodução das relações capitalistas de produção: justifica a situação de explorados e, ao impedir o acesso ao saber elaborado, limita a classe trabalhadora na sua luta contra o capital. A escola serve ao capital tanto por negar o acesso ao saber elaborado e historicamente acumulado, quanto por negar o saber social produzido coletivamente pela classe trabalhadora no trabalho e na vida.
As razões que levaram o exercício atual da educação a alcançar os patamares hoje vivenciados nas escolas, onde, aparentemente, a chamada economia da educação assume caráter de maior destaque, deixando a formação enquanto essência principal, em um segundo plano. Para embasar seus argumentos, Frigotto retoma os princípios básicos da Teoria do Capital Humano que, embora duramente criticada, sempre retorna ao centro das discussões, como justificativa utilizada por aqueles que defendem uma relação direta entre o aumento da qualificação profissional e diminuição da pobreza.
Na obra em análise, entretanto, Gaudêncio Frigotto, defende argumentos que mostram que esta pobreza existente na sociedade não pode ser meramente atribuída à falta do mérito individual de cada cidadão, que não lhe permite evoluir no âmbito escolar, ou até mesmo, a ele ter acesso. Com interessantes reflexões e exemplos, o autor revela que se realmente houvesse por parte da elite, efetivo interesse em modificar o quadro de exclusão social vigente, deveria ela pautar seu discurso pela defesa de reformas sociais que objetivassem