A respeito da centralidade do trabalho
Ronaldo Marcos de Lima Araujo1
Toda a chamada história universal não é outra coisa senão a produção do homem pelo trabalho humano (Marx)
Para Marx o trabalho é o fundamento da vida humana, é o instrumento de mediação entre o homem e a natureza. Resulta como produto do trabalho humano não apenas os objetos de uso como roupas, alimentos, mas também instituições como o
Estado, as cidades e as nações. Nesta perspectiva é o trabalho que distingue o homem no reino animal, pois o homem, através do trabalho enquanto atividade consciente, regula e domina a natureza para consecução de seus fins enquanto os animais apenas a usam.
O trabalho, então, é o instrumento pelo qual o homem controla a natureza e como resultado deste metabolismo o homem constrói a si próprio, os objetos e a estrutura social com seu arcabouço jurídico-político.
A alteração dos meios de trabalho, alterando também as relações entre os homens, muda as condições sociais em que a produção ocorre. O trabalho cria o homem, potencializa sua força produtiva e lança as bases em que se estabelecem as relações sociais (Ruy, 1997). Para se compreender a sociedade, portanto, sua estrutura social, jurídica e política, é necessário que se volte os olhos para as relações de trabalho, para o modo e os meios com que se realiza a produção material, pois os meios de trabalho não são só medidores do grau de desenvolvimento da força de trabalho humano, mas também indicadores das condições sociais nas quais se trabalha (Marx, 1988:151).
Esta abordagem, no entanto, vem sendo objeto de severos questionamentos por autores que entendem que a “sociedade do trabalho”2 já não corresponde às novas dinâmicas sociais produzidas pela contemporaneidade. Para Habermas, por exemplo, não
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Doutor em educação pela UFMG. Professor do Centro de Educação da UFPA.
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é mais o trabalho que organiza a sociedade, ela é hoje autoprogramável, valorizando mais a política e o