centralidade do trabalho
A DIALÉTICA DA
CENTRALIDADE DO TRABALHO
nexos desse objetivo com a realidade efetiva. Só assim será possível conferir materialidade à prática e não incorrer nos equívocos apontados acima.
Nessa medida cabe decifrar como a questão do trabalho e sua centralidade estão presentes nas formas concretas e contraditórias da reprodução social vigente. Conforme exposto a seguir, a sociedade do trabalho é determinada a partir de sua base econômica pela perspectiva da acumulação do capital, e é determinante seja dos indivíduos que atuam e trabalham na sociedade, seja das suas relações sociais, seja das suas relações com a natureza. A partir dessa situação concreta, invertida em relação ao trabalho, o mesmo precisará ser decantado como elemento contraditório essencial à re p rodução da sociedade por um prisma humano. Isto foi caracterizado por Kant em sua Fundamentação da metafísica dos costumes, onde contrapõe a sociedade em que tudo tem um preço e os fins são contrapostos aos homens e a sociedade em que se efetiva a dignidade humana, onde os homens são fins em si mesmos.
Por esse prisma pode-se configurar, como contraponto à sociedade vigente do trabalho, da formação social pela perspectiva do capital e suas determinações, uma configuração da sociedade pela perspectiva do trabalho, um
“modelo” de sociedade contraposto e crítico em relação àquele do modo de produção capitalista.
O sentido humanista, emancipatório, da centralidade do trabalho, não se efetiva na sociedade do trabalho, mas em uma sociedade pela perspectiva do trabalho. Nesta última o trabalho social não se vincula, como ocorre na sociedade do trabalho, à alienação nas relações entre os homens, nem à alienação nas relações com a natureza.
A centralidade do trabalho diz respeito, nesses termos, à crítica às formas sociais determinadas na formação vigente. Ou seja: crítica ao economicismo que instrumentaliza as relações sociais em termos de produtividade