STREET, Brian. Letramentos Sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação
A obra insere-se no campo das abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação desenvolve uma concepção de letramento numa perspectiva internacional. Representa parte da tendência atual rumo a uma consideração mais ampla do letramento como práticas sociais, focalizando a natureza social da leitura e da escrita e o caráter múltiplo das práticas letradas, valendo-se de perspectivas transculturais. Street enfatiza a natureza social do letramento defendendo um "modelo ideológico de letramento no qual as práticas letradas são produtos da cultura, da história e dos discursos e nas relações de poder a ele associadas" (pág. 13) em oposição ao que denomina perspectiva “autônoma” do letramento, centrada no sujeito e nas capacidades de usar apenas o texto escrito. Street realizou um trabalho de campo de cunho antropológico no Irã, durante os anos de 1970, investigando os usos e os significados contextuais do letramento. O conceito - anteriormente visto como uma habilidade técnica, “neutra” - foi contraposto pelo autor a partir da perspectiva denominada Novos Estudos do Letramento, passando a ser considerado como uma prática ideológica implicada em relações de poder e embasada em significados e práticas culturais específicas. Reconhecendo que existem múltiplos letramentos praticados em contextos reais, rejeita a teoria da “grande divisão”, que adota uma visão etnocêntrica e hierárquica, privilegiando uma forma particular de letramento sobre as muitas variedades que a pesquisa agora mostra existirem mundo afora. Em contraposição a essa perspectiva, Street propõe um modelo “ideológico” de letramento, segundo o qual as práticas de leitura e escrita estão sempre inseridas não só em significados culturais, mas em posições ideológicas sobre