Sonho theco
O filme começa relatando fato da época comunista na república Theca, como também tem como protagonista um supermercado
“Por que eu tô fazendo isso? Porque eu amo meu trabalho. E porque sei que sou eu que movo o mundo.”, disse um dos publicitários contratados pela dupla de diretores, quando questionado sobre o porquê de ter aceitado trabalhar para um produto que não existia e nem viria a existir. Sim: todos os publicitários, designers e marketeiros envolvidos na criação e na comunicação da marca Sonho Tcheco sabiam que o supermercado jamais existiria de fato. Mesmo assim, quase nenhum se incomodou em trabalhar para uma ideia “falsa”. Justo porque talvez ela não fosse tão falsa assim.
Em meados da década de 60, Marshall McLuhan cunhou a expressão “o meio é a mensagem”. A televisão recém chegava às massas, e a distinção do seu formato de comunicação em relação ao rádio e às outras mídias ficava mais e mais evidente. O meio no qual algo era veiculado chegava a dizer mais que o que era dito de fato. Acontece que, hoje, se desmembrarmos o esquema de comunicação em emissor, meio, mensagem, objeto (aquilo a que a mensagem se refere) e receptor, vemos que se diluem as fronteiras entre tudo o que flui do emissor para o receptor. Entretenimento, informação e anúncio camuflam-se uns nos outros. O consumo já passou de necessidade a hobbie e de hobbie a vício. Marcas não mais embalam produtos, mas sim produtos embalam marcas. E, nessa era de bombardeio midiático, “Sonho Tcheco” vem propor que McLuhan talvez já esteja ultrapassado. Hoje, o meio é a mensagem e o objeto.
A publicidade se tornou um eco de si mesma – quase sempre passível de ser dissociada de sua origem e/ou anunciante. A propaganda é verídica dentro da própria lógica do consumo, não precisando de um produto para validá-la. É ela mesmo, a propaganda, o produto a ser consumido.
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