Vanguarda europeia
Ao se iniciarem os anos de 1900, a Europa suportava a herança do final do século XIX, caracterizada por duas situações antagônicas, mas complementares: a euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico-científicos e as conseqüências desse avanço no processo burguês-industrial. As duas primeiras décadas do século XX marcaram-se pela crise do capitalismo e o nascimento da democracia de massas. Uma radical e inédita revolução científica rompia as barreiras do tempo e do espaço, produzindo um grande e universal estado de euforia e crença no progresso. A grande instabilidade que caracterizou o início do século XX na Europa é originária da insatisfação e dos rompimentos com as idéias oitocentistas. Os valores conquistados no século XIX como o positivismo[1], o cientificismo[2], a arte voltada para o sonho ou para a forma pura passaram a ser considerados ultrapassados. As espetaculares invenções do começo do século XX substituíram o modo de ver a realidade rapidamente: o automóvel, o cinema, o telégrafo, a lâmpada, o telefone, o avião, a eletricidade atestam o desenvolvimento técnico da época. Por outro lado, o campo teórico é enriquecido pela Teoria da Relatividade[3], de Einstein; pela Teoria dos Quanta[4], de Planck; pela Teoria Psicanalítica, de Freud; e pela Lingüística Estrutural, de Saussure. Inaugurou-se a época da velocidade, e o resultado disso foi um progresso material espantoso e uma disputa acelerada pelo poder entre as potências mundiais. Tanta mudança provocou radicais alterações na forma de viver, de analisar a realidade e de representá-la artisticamente. A máquina tornou-se participante de todos os setores da vida. Viver confortavelmente e aproveitar o presente eram preocupações fundamentais do homem naquele momento. A esse primeiro momento do início do século dá-se o nome de belle époque[5]. Tudo isso, obviamente, caracteriza o mundo da classe