soneto do amor maior

1114 palavras 5 páginas
Análise Soneto do Maior Amor

Na primeira estrofe, observamos um jogo de contrastes: sente alegre e fica triste; vê descontente e dá risada. É provável que esse choque entre alegria-tristeza venha a sublinhar a afirmação feita pelo eu-lírico nos dois primeiros versos, de que não existe amor maior e nem mais estranho do que o seu. Na segunda estrofe, a tensão se faz entre eterna aventura e vida mal-aventurada, esta última renunciada pelo eu-lírico.

A reiteração da conjunção "e" nos versos 3, 4 e 5 serve para reforçar o caráter contraditório do sentimento descrito pelo poeta: um amor fora do comum, que sente tristeza ao ver a "coisa amada" alegre, ri se a vê descontente e fica em paz se resiste ao amado coração. São reações não condizentes com a ideia habitual de amor, que em geral causa o oposto do que foi descrito pelo poeta: se uma das partes está descontente, a outra também o está; o mesmo vale para a alegria; e não há resistência, pois o amor é "entrega", "rendição".

Surge, então, a concepção de um amor de certo modo "egoísta", que prefere aventurar-se, viver ao acaso, ser "fiel à sua lei de cada instante" a murchar, fenecer, mesmo que para isso seja necessário ferir, como está explícito na sequência de aliterações que se inicia no verso 9 e finda no verso 12. Aqui, a sonoridade causada pela repetição das fricativas lábio-dentais (f - f - v - f - f - v) assume um sentido quase ameaçador. O louco amor do poeta, o amor sem temores, quando toca, quando atinge a coisa amada, é capaz de ferir, estremecer, e é o que o agrada: persistir em sua eterna aventura.

A aliteração de oclusivas alveolares na última estrofe reafirma o aspecto delirante desse amor que tem paixão por tudo e por si mesmo. A sequência (t - t - d - d - d - d - d - t - t - d) parece caracterizar a extravagância e singularidade do amor descrito. O último verso parece concluir tudo o que foi expresso até então, quando diz "numa paixão de tudo e de si mesmo", em que é possível notar, mais uma

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