Som ao redor
há outras discussões tão importantes quanto – o coronelismo no Nordeste
sendo um deles, visto que o avô de João ainda tem seu engenho. Mesmo para
uma pessoa que adora viver na cidade grande, é impossível não reconhecer
os problemas que provem dessa vida urbana da atualidade. O aprisionamento
do ser humano também é recorrente em vários momentos - principalmente
pelo fato de que quase todos os acontecimentos ocorrem na mesma rua -
seja pelos limites que a cidade impõe, seja pelas vidas que os personagens
levam. De modo geral, o filme explora diferentes temas, mas todos com um
pé no século vinte e um. Tanto o roteiro como a direção são explendidos. Sem
sombra de dúvidas, Mendonça Filho é um dos maiores diretores brasileiras
dessa nova geração. A fotografia também é memorável, com algumas das
cenas mais bonitas já feitas no cinema brasileiro, como por exemplo a cena
em que João se banha no engenho de seu avô ou quando a chuva apaga as
palavras escritas na calçada.
Som ao Redor trata de tantos temas diferentes, que as vezes fica difícil
acompanhar, e o filme pode-se tornar pesado. Tornando-se até - se me
permite colocar – cansativo. Outro problema que se poderia apontar é a falta
de conexão que as partes podem apresentar, tornando o filme longo e lento,
sendo que quase tudo que antecede as duas primeiras partes acaba sendo
irrelevante para a terceira e última parte, principalmente o relacionamento
entre João e Sofia. Talvez Mendonça Filho tenha escolhido esse modo para que
a cena final não tivesse função de clímax, conservando assim a linha dramática
pretendida - nada muito profundo. Porém, ele acaba não conseguindo o
esperado, pois a banalidade com que ele trata os temas só acaba maximizando
a revelação final. O filme também se torna cansativo pelos personagens - a
maioria aparentemente