Resenha filme O som ao redor: relação com outros autores
O filme “O som ao redor” retrata a vida de moradores de certa localidade do Recife, que contratam vigilantes particulares para os arredores. Clodoaldo, que lidera os seguranças particulares, a mando de Francisco se aproveita da insegurança e do medo dos moradores. Francisco, que possui muitos imóveis e é muito influente na área, apresenta características do coronel, que é uma figura explorada por Vitor Nunes em sua análise do fenômeno do Coronelismo.
No filme, Francisco passa a ideia do Coronelismo, também abordada por Vitor Nunes. Segundo o ultimo, o Coronelismo é um sistema de relações de poder e compromissos recíprocos, no qual há trocas de proveitos. Esse sistema passa pela população rural, pelos coronéis, governadores até o poder central. O Coronelismo foi um sistema adotado na Primeira República e uma de suas práticas fraudulentas mais comuns era o voto de cabresto, que era um sistema de controle do poder político, por meio da compra de votos e abuso de autoridade.
Apesar do Coronelismo ter sido um sistema característico da Primeira República, a forma de poder e dominação vão além desse período. O Mandonismo é considerado uma característica do Coronelismo e da política tradicional, claramente exposto no filme, pelas atitudes do dominador do Bairro, Francisco, com submissão de Clodoaldo.
Vitor Nunes discute a questão da dificuldade de separação das esferas pública e privada. No coronelismo havia claramente uma mistura entre o público e o privado, por exemplo, nas eleições quando os coronéis, além de financiá-las, muitas vezes fraudavam-nas. Isso caracteriza uma interferência dos interesses particulares na esfera pública.
Sérgio Buarque de Holanda também estuda essa relação de dicotomia pelo conceito de homem cordial, que é aquele que não vê distinção entre o público e o privado, aquele que muitas vezes ignora a lei em favor de uma amizade e se move pela emoção. Foi possível reparar situações em que