Sofrendo gramática
Sofrendo a gramática (a matéria que ninguém aprende), capítulo que integra a coleção de ensaios sobre a linguagem “Sofrendo a Gramática”, de Mário A. Perini, oferece ao leitor (estudante de Letras, profissional docente ou leitor ‘curioso’), em linguagem simples e acessível – o que não diminui, em termos de qualidade teórica e didática, a construção do texto – algumas reflexões de enorme preciosidade acerca do ensino de gramática nas escolas, quer sejam públicas ou privadas.
O autor parte de um dado observável: a intensa rejeição e repugnância associadas à disciplina gramática. Parece extremamente aceitável que alguém seja geógrafo ou matemático, mas o ser gramático apenas levanta suspeitas e assombros. Partindo deste ponto, portanto, Perine aponta alguns ‘sintomas’ e evidências que justificam esta atitude de repulsa, por parte de alunos, pais e até mesmo de professores, e lança mão de alguns diagnósticos que facilitam a compreensão desses processos que envolvem a questão ensino-aprendizagem de gramática.
A discussão acerca da metodologia de ensino e o próprio ensino da gramática envolve não só os pesquisadores linguístas e gramáticos, mas toda comunidade escolar. A função da escola consiste no ensino da língua padrão – mas não é com teoria gramatical que ela concretizará esse objetivo. Esse contraste resulta no desinteresse do aluno pelo estudo de Língua Portuguesa. Dessa maneira, quando o aluno pensa ter entendido o conteúdo trabalhado em sala de aula, desespera-se ao se deparar com construções nunca estudas antes por ele, já que o estudo da gramática está, na maioria das vezes, à margem da realidade linguística. Neste contexto, dar-se-á uma breve análise dos principais tipos de gramáticas, da sua questão metodológica de ensino e de diferentes posicionamentos sobre o ensino da gramática.
2. Conceitos e características dos principais tipos de Gramática
Existem várias concepções de gramática, contudo, três são as que se pode chamar de