Sofistas
Ricardo Gonçalves
“A tese relativista de Protágoras e sua repercussão no ceticismo antigo”
Por volta do século V a.C., surgiu, por necessidades políticas, na Grécia, uma qualidade de pensador que recebeu o nome de sofista. Os sofistas eram pessoas que tinham uma grande habilidade retórica, isto é, desenvolveram a arte do bem falar. Eram freqüentemente atacados por aqueles que são reconhecidos pela história da filosofia como filósofos, porque se lhes imputava o desenvolvimento e a aplicação da “logomaquia”. A palavra “logomaquia”, em grego, traduzida literalmente, significa disputa, guerra, conflito, combate entre discursos. O que faziam esses logômacos? Estabelecido um tema, acerca dele cada um deles tentava desenvolver um ponto de vista. O que lhes importava (e isto é o que era mais condenável sob o aspecto filosófico) não era o conteúdo do que se dissesse, mas quem era o mais capaz de defender a sua idéia. As idéias dos sofistas, desse modo, podiam ser apenas um palavrório, um “jogar conversa fora”. Essa conversa nem sempre tinha alguma importância para o desenvolvimento da política, ou do pensamento na cidade. Porém, havia um outro assunto que fazia parte da atividade do sofista, isto é, uma retórica voltada para A atividade social. O sofista, como retórico, tinha o objetivo primeiro e mais importante de ensinar a um público seleto, e esse público seleto consistia na alta aristocracia da cidade. Suas aulas eram oferecidas a quem as pudesse pagar; os demais estavam excluídos do âmbito de sua atenção. O objetivo das aulas de retórica era fazer que os jovens, muitas vezes aspirantes a cargos políticos, tivessem um discurso suficientemente eloqüente para chegar a esses cargos. A retórica se transforma em uma atividade absolutamente necessária no transcorrer da democracia ateniense. Aquele que melhor fala é aquele que consegue as melhores glórias no discurso. Conhecemos o célebre ideal dos gregos, a kalokagathía, que significa tornar-se belo e bom. Para