Sociologia

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O estado de confiança é a base sobre a qual repousa a economia moderna, porque dele depende a expectativa dos detentores da riqueza social relativamente aos ganhos futuros, derivados da posse dos seus ativos. Abalado o estado de confiança, advêm as crises recessivas; rompido de maneira mais radical esse estado, o sistema entra em profunda incerteza sobre o futuro, afetando essencialmente a capacidade empresarial de avaliação dos patrimônios pré-existentes e inibindo a criação de novos pela ação do investimento privado. Provavelmente é esse estado de ruptura radical que ora afeta a economia mundial, especialmente a norte-americana.
Os conceitos de confiança, esperança - da qual a expectativa em relação ao futuro é uma espécie de "derivativo" econômico - e incerteza são todos externos aos chamados fundamentos clássicos e neoclássicos da ciência econômica. É precisamente por isso que nas crises do "estado de confiança", em geral, soçobram os especialistas do pensamento convencional e abrem-se novas janelas para os críticos e heterodoxos. E dentre estes eu incluiria os filósofos e teólogos, que certamente têm algo de importante a refletir sobre as condições da possibilidade de reestruturação do estado de confiança na economia, sem o que não haverá luz no final do túnel.
Em recente artigo na revista "Carta Capital", o ex-ministro Delfim Neto, que sempre foi um heterodoxo em economia, aborda a questão da recuperação do estado de confiança mediante tratamento de choque, pela injeção maciça de recursos públicos e regulação do estado keynesiano, nos marcos pragmáticos da política econômica dos anos do pós-guerra. Aparentemente, na visão do ex-deputado Delfim Neto, o capitalismo (uma classe empresarial protagonista, sob a égide da propriedade privada e de um Estado garantidor dos contratos) seria uma construção histórica para a eternidade, onde as crises intermitentes do estado de confiança, ao fim e ao cabo, implicariam no seu aperfeiçoamento e fortalecimento.
Mas a

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