Sociedade salarial e flexibilização do trabalho
Introdução: São muitas as transformações observadas na realidade do trabalho, transformações que tem merecido muitos estudos e pesquisas, realizadas quase que concomitantemente ao aparecimento desses novos imperativos do trabalho. Mudanças nas estruturas organizacionais, nas formas de contratação, nos espaços e nos tempos de trabalho, na produção e, o que é alvo mais direto de nossa atenção, na forma como o trabalho influencia a construção subjetiva do trabalhador. De um contexto de intervenção estatal sobre a economia, em que a prestação de serviços e a proteção aos trabalhadores perante situações de desamparo e risco eram consideradas deveres do Estado, passamos a uma realidade marcada pelo discurso da flexibilidade e da autorregulação do mercado. É nesse contexto que se intensifica o questionamento sobre o sentido e o lugar do trabalho na estrutura social, é questionada sua centralidade na construção da experiência subjetiva e sua capacidade de garantir a coesão social. O pós 2ª Guerra Mundial trouxe a proposta do compromisso do pleno emprego. Para tanto, os governos dos países centrais se responsabilizaram pela regulamentação da relação contratual empregado/empregador, através de regras e proteções que garantem a estabilidade desta relação. O pacto social não preconizava somente a intervenção estatal na relação de trabalho, perseguia uma nova ordem social, em que o crescimento econômico e a boa condição de vida viriam como consequências do pleno emprego. Nesse contexto, o vínculo empregatício garantia aos indivíduos o acesso aos direitos de cidadania. O trabalho torna-se fator responsável pela coesão social e ocupa lugar central na construção da experiência subjetiva dos trabalhadores. No Brasil, identificamos realidade distinta, com apenas um pequeno contingente de trabalhadores tendo acesso ao emprego formal e às garantias a ele vinculadas, grande parte da população ativa empregava seus esforços no