Sobre a Televisão
Acerca do “domínio dos instrumentos de produção”, coloca-o como condição para falar na televisão – no seu caso, sem limitação de tempo, imposição de assuntos ou ordem técnica. Classifica quem não os possui e mesmo assim se disponibiliza para falar na TV como pessoas que querem se fazer ver e serem vistas (Para Berkeley, “Ser é ser visto”). A tela de TV hoje é um lugar de exibição narcísica.
Sobre a televisão, influenciada pela política e pressionada economicamente – exerce uma violência simbólica, com cumplicidade tácita de quem sofre e muitas vezes de quem exerce (inconscientemente) também.
Dentre os noticiários, as variedades (ou fatos-ônibus) ocupam grande parte da programação e do tempo valioso na TV, mesmo sem importância relevante para a população – agradam por serem de interesse comum de todos, e um consenso geral; ao mesmo tempo, ocultam coisas preciosas e importantes. A televisão também “oculta mostrando”, segundo Bourdieu, quando mostra uma coisa diferente do que deveria mostrar, de um jeito insignificante ou mesmo com outro sentido.
Sobre os jornalistas, Bourdieu diz que tendem a pensar que o trabalho de enunciação é um trabalho de denúncia, de ataque contra pessoas, e ainda que vêem certas coisas e não outras – buscam o excepcional, mas o excepcional para eles.
O extraordinário, buscado pelos jornalistas, acaba sendo o ordinário dentre os jornais, devido à circulação circulante de informações. O peso da televisão nessa relevância de assuntos é determinante – é determinante e central o assunto quando retomado pela TV. Todos estes, ainda, estão sujeitos às pressões dos índices de audiência. A lógica comercial se impõe às produções