Fichamento: sobre a televisão

Fichamento
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

Se é verdade que não se pode dizer nada ma televisão, eu não deveria concluir, cm certo número de intelectuais, de artistas, de escritores, entre os maiores que deveríamos abster-nos de nos exprimir nela.
Com a televisão, estamos diante de um instrumento que teoricamente possibilita atingir todo o mundo. A análise sociológica choca-se freqüentemente com um mal entendido: o que estão inscritos no objeto da análise, nesse caso particular os jornalistas, tendem a pensa que o trabalho de enunciação, de desvelamento dos mecanismos, é um trabalho de denúncia, dirigido contra pessoas ou como se diz, “ataques”, ataques pessoais.
Os perigos políticos inerentes ao uso ordinário da televisão devem-se ao fato de que a imagem tem a particularidade de poder produzir o que os críticos literários chamam de “efeito real”. Ela pode fazer ver e fazer crer no que faz ver.
As escolhas que se produzem na televisão são de alguma maneira escolhas sem sujeito. “O apresentador distribui o tom da palavra, respeitoso ou desdenhoso, atencioso ou impaciente, por exemplo, há uma maneira de fazer “pois sim”; pois sim...” que expressa, que faz o interlocutor sentir a impaciência ou a indiferença...
A composição do estúdio é importante por que deve dar imagem de um equilíbrio democrático limite é “o cara a cara”.
Para ir alem de uma descrição, por minuciosa que seja, do que se passa em um estúdio de televisão e tentar apreender os mecanismos explicativos das práticas dos jornalistas, é preciso fazer intervir uma noção um pouco técnica, mas que sou obrigado a invocar, a noção de campo jornalístico.
É preciso então, ir alem das aparências, alem do que se vê nos estúdios e mesmo da concorrência que se exerce no interior do campo jornalístico para chegar a relação de força entre os diferentes órgão, na medida em que essa relação comanda inclusive a forma que tomam as interações.
O sentimento de que o mundo, tal