Sobre a inclusão
Ciro Oliveira
Thaís Gaspary
A escola é um espaço multifacetado, freqüentado por crianças das mais variadas origens e classes sociais. Já há algum tempo, governos e gestores escolares veem na escola, uma instituição inclusiva por excelência, capaz de incluir deficientes físicos e mentais, assim como os marginalizados sociais.
Os autores clássicos das Ciências Sociais colocam a educação e a escola, por extensão, como instrumento de propagação de determinadas ideias. Para Boneti:
Durkheim tem, através do estado, da família ou do meio social, duas principais funções na sociedade: 1) selecionar valores, habilidades e traços culturais disponíveis nas gerações atuais e os passar para as novas gerações; 2) habilitar as pessoas para as demandas sociais no mundo do trabalho. [...] [em Marx] O estado seria então uma instituição a serviço das classes dominantes. A escola seria, neste caso, aparelho ideológico do estado, também a serviço da classe dominante, no sentido da produção da ideologia. Max Weber [...] considera a cultura e os sistemas de símbolos como instrumentos de poder (pg.49-50).
Estas leituras clássicas levaram à construção de um conceito jurídico de cidadania, com viés conservador. Boneti afirma que, ”nessa perspectiva, a pessoa incluída seria a pessoa juridicamente cidadã, isto é, com direitos e deveres frente ao contrato social [...] e usufruir dos direitos sociais básicos
(pg.52)”. O surgimento do conceito de inclusão mais aceito atualmente, de onde derivam os objetivos do discurso da educação inclusiva se apoiam nesta concepção de cidadania.
Entretanto, esta visão de cidadania, ao invés de contribuir para a inclusão, somente perpetua a exclusão, uma vez que padroniza as deficiências, e aponta soluções únicas para casos diferentes, de modo que:
Uma deficiência é representada por um padrão que generaliza e homogeneíza, não há espaço para as diferenças dos sujeitos [...] como se todos demandassem as mesmas