Sobre mente e cérebro
Existiam, na Modernidade, duas teses principais a respeito da natureza da mente: o monismo e o dualismo. O monismo é a tese que sustenta que só existe um tipo de substância, ou seja, a teoria de que não existe nada além da matéria e suas possíveis apresentações no mundo. De acordo com essa visão os fenômenos mentais são idênticos aos físicos, pois a mente e o cérebro são a mesma coisa. Por outro lado, o dualismo sustenta que há duas substâncias no mundo, uma essencialmente material e outra essencialmente imaterial. Assim, nunca poderíamos dizer que mente e corpo (cérebro) são iguais diferindo apenas em nome; o cérebro é material e a mente é imaterial.
Com a definição de dualismo, podemos ver que Descartes era um dualista. O argumento de Descartes para postular o dualismo era basicamente que tudo o que é físico é divisível, ou seja, todo objeto que possui extensão pode ser dividido indefinidamente. Os pensamentos não podem ser divididos, pois seria absurdo pensar que podemos separar nossas idéias em partes. Logo, a mente e os seus fenômenos têm uma natureza não física, ou seja, imaterial, enquanto o cérebro, material, pode ser dividido em partes.
Descartes reconhece o corpo humano como a mais perfeita das máquinas, que trabalha por impulsos naturais, mas os efeitos destes instintos automáticos e desejos podem ser controlados ou modificados pela mente, pelo poder da vontade racional – a mente é separada do cérebro, mas de alguma forma, controla o cérebro, e, através deste, controla o corpo.
Descartes tentou responder o problema do que fazia a mente (imaterial) interagir com o corpo (material), e chegou à resposta que seria um órgão que faria essa relação, a glândula pineal, porém ele não sabia explicar como isso era possível, já que, “para algo ser um elo entre o material e o imaterial tem que ser parte material e parte imaterial”, o que é, ao menos aparentemente, contraditório. Com isto, temos um